Somos o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Somente no Brasil, cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem de ansiedade.

Vivemos tempos em que a cobrança por produtividade é constante. A conectividade facilitou a comunicação e o acesso à informação, ao mesmo tempo que cria uma necessidade de resposta imediata a tudo e todos. A velocidade das interações, da vida cotidiana aumentou. E o executar sem pausas roubou o espaço de qualquer possibilidade de descanso, do ócio criativo, do sono, das genuínas e desconectadas interações sociais.

Pandemia e o aumento do número de ansiosos

Principalmente em tempos de pandemia, a ansiedade nunca foi tão diagnosticada quanto antes.

Em 2022, também segundo a OMS, na Revisão sobre Saúde Mental Mundial, após a pandemia, aumentou em 25% o quadro mundial de ansiedade e depressão. Tais números nos ajudam a entender o que aconteceu no pós-Covid: um agravamento neste quadro, em função do medo, da incerteza, da falta de informações, da quarentena, das perdas humanas sofridas nos últimos anos e de muitos outros fatores que abalaram a saúde mental do mundo todo.

A ansiedade sob o viés da Psicologia

Do ponto de vista da Psicologia, dos manuais de diagnóstico (DSM-V e CID 10), podemos definir a ansiedade como preocupações que vão surgir frente ao medo ou expectativa que o indivíduo tem sobre uma situação.

Mais do que nunca, a ansiedade está presente na vida das pessoas e é considerada patológica a partir do momento que atrapalha o indivíduo nas questões cotidianas e nas áreas de sua vida.

Ou seja, frente à uma preocupação, indivíduos com ansiedade normal irão processar e se questionar, mensurar sobre a validade e veracidade do medo, ou a adequação da expectativa. Indivíduos com ansiedade patológica não se questionam e tendem a agir com uma reação potencial para eximir a ameaça e vulnerabilidade ao que estão processando sobre aquela situação ou área da vida.

Basicamente, eles utilizam estratégias como a paralisação/evitação, a defesa, o automonitoramento, entre outras. Além disso, aparecem as respostas fisiológicas como o nervosismo, a irritabilidade, palpitação, reações impulsivas, sensação de estar fora da realidade, aumento de pressão, cólica intestinal, e etc

De maneira prática, os adultos têm mais preocupações voltadas a questões financeiras, ocupacionais, suas fobias sociais e pessoais. Já em crianças e adolescentes, o prejuízo principal é na área social e acadêmica. Outro ponto importante e pouco falado é que a ansiedade pode ser herdada neurobiologicamente.

A TCC e seus benefícios para o tratamento da Ansiedade

Este transtorno, que gera grande impacto na vida das pessoas, não está apenas em momentos “normais” ou “esperados”, como a espera para um acontecimento específico, por exemplo. Ela está no dia a dia, nas pequenas tarefas, no nervosismo constante; está na ruminação de pensamentos pessimistas, da preocupação excessiva com o futuro, no coração acelerado, na falta de ar. A ansiedade tem diversas características e pode se manifestar de diversas maneiras.

Em função disso, a Terapia Cognitiva-Comportamental é uma excelente maneira de tratar este transtorno de forma objetiva, com participação ativa do paciente no próprio tratamento, podendo obter resultados mais rápidos que através de outros métodos psicoterapêuticos.

Através da reorganização mental, ou reestruturação, a TCC ajuda o paciente a transformar os pensamentos negativos em crenças, frases e pensamentos positivos, mais adaptativos e funcionais para o paciente. Ele passa a ter de maneira mais eficiente o controle das próprias emoções, auxiliando-o a lidar melhor com as situações em que a crise de ansiedade se manifesta.

O principal do processo terapêutico nestes casos é identificar os gatilhos que levam o paciente a sentir-se mais preocupado, ameaçado e ansioso. Com isso, ele irá aprender a identificar quais são, especificamente, as situações, os pensamentos e comportamentos fora do normal, que tendem a desencadear um alto nível de ansiedade e estresse.

Ao longo das sessões, é esperado que o indivíduo consiga proceder às técnicas de flexibilização das ideias até a reestruturação mental (de suas crenças que antes eram desadaptativas).

Aqui, é importante ressaltar: o paciente não irá eliminar os pensamentos e sentimentos negativos. A TCC irá possibilitar que ele realize uma ressignificação de suas percepções de ameaça e vulnerabilidade, facilitando o desenvolvimento de novas interpretações e reduzindo as reações que não o beneficiam e/ou que aumentam os sintomas da ansiedade.