É uma forma de comportamento comum pessoas buscarem um psicólogo quando as coisas não estão bem. Pessoas buscam pela mudança quando algo está incomodando verdadeiramente e não sabem mais como tentar modificar aquilo, sejam sentimentos, relacionamentos, ou outras situações diversas em que essa busca pode acontecer.
Entretanto, o que tem acontecido muito é que, com a facilidade de encontrar informações na internet e o aumento da noção comum sobre as patologias da mente, informações estas que nem sempre são validadas cientificamente ou elaboradas corretamente, o paciente chega ao consultório com um autodiagnostico, no qual ele fielmente acredita, inclusive já idealizando seu próprio curso e prognóstico, ou seja, o que ele acha que irá acontecer com ele a partir da validação de suas ideias.
O ponto é: o diagnóstico pode vir diferente do que você espera e isso não deveria ser um empecilho para o tratamento.
Quando o psicólogo ou psiquiatra dão, de fato, um diagnóstico baseado no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), e não corresponde em algum aspecto à expectativa do paciente, muitos se sentem ofendidos, podem duvidar do conhecimento do profissional e, infelizmente, podem não desejar seguir com o tratamento. No caso desse diagnóstico ser confiável, ter sido dado através de uma boa avaliação diagnóstica e por um bom profissional, o atraso gerado afeta negativamente, principalmente, o paciente.
A crença absoluta do paciente em seu autodiagnostico impacta diretamente na sua emoção e, por isso, no processo.
Para esclarecer por que não podemos nos guiar por senso comum, a começar pela quantidade de aspectos que são levados em consideração para se fechar um diagnóstico em psicopatologia, é de suma importância que o paciente saiba que a avaliação é feita principalmente por meio de entrevista entre o paciente e profissional, podendo ou não ter o auxílio de um familiar. O fato de ser principalmente por entrevista pode gerar dúvida entre as pessoas, afinal, porque não testes?
É que se trata de uma observação bastante cautelosa e criteriosa que este profissional empenha ali no momento, desde o primeiro contato. Testes são incapazes de mensurar a subjetividade presente nos pacientes.
Em linhas gerais, e de forma bem simplificada, dar um diagnóstico é como considerar uma equação de aspectos multifatoriais da vida de um indivíduo.
E o que contém nessa equação? Sinais e sintomas, que resultam no diagnóstico. Quando falamos em sinais, falamos daqueles que são observáveis, por exemplo, aspectos físicos, pensamento acelerado ou lento, sinais de alteração na linguagem, na cognição, etc. Quando falamos em sintomas, estamos falando da verbalização do paciente sobre o que ele sente.
Assim, a principal tarefa do psicólogo ou psiquiatra será formar uma junção do histórico de sinais e sintomas que o paciente apresenta, com o exame que ele fez do estado mental atual do paciente. Por isso, você pode imaginar que existe uma lógica e organização estruturada para as informações que este profissional está coletando. O profissional vai avaliar/levar em conta sinais e sintomas dos aspectos psicopatológicos, físicos, neurológicos, das funções psicológicas, exames complementares, etc.
Tudo isso é bastante complexo e, por isso, não podemos nos resumir ao senso comum, ao que os outros acham e o que a internet fala. Requer muita técnica e capacidade de manejo clínico.
Dar um diagnóstico vai muito além de perguntar sobre alguns aspectos da sua vida.
Falando um pouco sobre o momento da avaliação, quando um paciente chega ao consultório, nas primeiras consultas, há toda uma forma de investigação sobre aquilo que está sendo relatado pelo indivíduo. E, cada dia mais, tem sido de extrema importância que o psicólogo siga o protocolo específico para aquela patologia, justamente por essas conclusões retiradas pela internet, achismos, etc.
Isso, além de gerar um grande atraso nos resultados que a pessoa poderia obter, é de uma grande frustração para esses indivíduos. Portanto, cabe aqui ressaltar a importância de confiar no profissional escolhido e ouvi-lo, seguir as recomendações.
Claro que se informar de maneira independente é importante, mas depositar essa confiança num profissional devidamente formado, registrado, atualizado, vai trazer grandes benefícios para a saúde mental do paciente.
Algo que pode ajudar neste processo, tanto com relação aos resultados em si, como em relação à construção de confiança do paciente sobre o profissional escolhido, é ter uma equipe multidisciplinar que trabalhe em conjunto, comparando ambos os diagnósticos e atuando lado a lado visando a melhora do paciente.
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental