A prática, cada vez mais comum em tempos de internet, é o ato de identificar sintomas e doenças no próprio corpo, a partir de observação e pesquisa feita pelo próprio paciente. As pessoas tiram conclusões por si mesmo, sem nenhuma avaliação feita por alguém competente para avaliar, ou seja, profissional com formação na área da saúde e habilitado para fechar diagnóstico, sobre sua suposta condição médica que acredita apresentar.
Isso ocorre muito quando se trata de saúde mental, principalmente com relação aos transtornos mais divulgados pela mídia ou mais discutidos nas redes sociais. É do funcionamento do indivíduo e, no parágrafo seguinte, você vai entender. Porém, pode envolver significados idealizados pelo paciente, que, de certa forma, o resultado de ter o diagnóstico idealizado alimentaria negativamente uma crença e/ou traria a alguma consequência disfuncional (e possivelmente prejudicial para ele). “Cosmetização” de medicação ou manutenção de crenças disfuncionais/negativas para o próprio paciente poderiam ser o caso aqui.
Sobre o nosso funcionamento facilitar isso é porque, em linhas gerais, nosso cérebro procura significados das coisas a todo momento e esse movimento é bastante orgânico dele, portanto natural.
As pessoas têm, cada dia mais, acesso a informações. Faz sentido pensar que é natural que, ao notar algo errado em si mesmo, as pessoas tenham o impulso de buscar explicações para o que estão vivendo. O ponto importante é, sim, você deve se questionar, adotando o benefício da dúvida.
Mas trago esse questionamento: até que ponto esse autodiagnóstico pode ir se faltar o bom-senso nesse indivíduo?
É muito difícil garantir a veracidade daquilo que está online. Existem milhares de sites e muitos não têm qualquer informação sobre quem escreveu determinado artigo ou quem reuniu determinadas informações. Sendo assim, como garantir que aquilo é correto? E, sem formação médica, como fechar um diagnóstico apenas com tais informações aleatórias?
A crença absoluta, ou seja, a pessoa pensar e alimentar argumentos dentro de si, somada as imprecisões dos resultados destas pesquisas que o paciente faz para se autodiagnosticar levam ao atraso na descoberta do problema e, consequentemente, no tempo para o início do tratamento adequado, o que pode agravar o quadro.
Além disso, há a automedicação ou medicação inadequada, o uso de intervenções psicológicas desnecessárias, coisas que podem trazer consequências ainda mais graves! Os remédios psiquiátricos, se administrados incorretamente, podem desencadear enormes problemas e consequências. Crises, mudança de humor, disfunção nas atividades internas e externas ao indivíduo, enfim, efeitos adversos, são muito comuns quando a decisão sobre o tratamento de um sintoma é tomada de forma incorreta.
O psicoterapeuta irá, em muitos casos, trabalhar juntamente com o psiquiatra para que o diagnóstico seja mais preciso, a medicação seja receitada de maneira assertiva e adequada. São dois profissionais formados, preparados, exatamente para estes fins.
Justamente por isso bato tanto na tecla da confiança entre paciente e profissional, que discutimos no artigo da semana passada aqui no blog.
Mais do que o próprio conhecimento adquirido através de estudos, de cursos, de prática profissional, há todo o acolhimento e atenção que o profissional deposita ali, no momento com o paciente, na aliança terapêutica.
Isso em conjunto com a identificação de sintomas e sinais, só podem resultar em um diagnóstico mais preciso e com grandes chances de bons resultados. Os sintomas amenizam ou curam com mais rapidez, os efeitos adversos dos medicamentos que podem ocorrer são menores, o tempo de tratamento diminui, o sofrimento do paciente vai diminuindo com mais rapidez. Sem contar que, quando o tratamento é feito corretamente, a qualidade de vida do paciente melhora a longo prazo!
Fique atento a este hábito do autodiagnostico. Se informe, mas busque um profissional, ou mais de um se necessário, para ouvir a opinião de pessoas especializadas em saúde mental.
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental