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Depressão pós-parto é grave e pode levar mulheres a não estarem aptas a cuidar de seus filhos ou até mesmo a cometerem suicídio

Quando falamos em maternidade, há uma grande romantização (perigosa) deste momento na vida da mulher. Além das mudanças do corpo, muitas inseguranças, incertezas e medos acabam surgindo ao longo da gestação. Pouco se fala sobre o lado difícil de gestar e dar à luz a um bebê; afinal, ter o privilégio de dar a vida a alguém é mesmo um acontecimento transcendente. É também tempo de muita dedicação, cuidados e, fundamentalmente para as mulheres, um momento de abdicar de muitas coisas que faziam parte de sua vida antes da maternidade.

Na maioria dos casos, a mulher fica em casa para cuidar do seu recém-nascido. Deixa de trabalhar e se realizar em qualquer área, tem pouco ou nenhum tempo para fazer suas necessidades básicas de higiene, alimentação adequada, sono e de socialização. Além disso, todas as atenções estão voltadas para a vida que nasce, e a mulher vive um intenso período em que muitas vezes pensa estar “cercada” por protocolos de maternidade e expectativas, que originam grande parte da vulnerabilidade sentida por ela.

Ainda além, as mudanças, as renúncias, as dores e marcas de um corpo que gerou por 9 meses e depois esvaziou-se na sala de parto; a ebulição dos hormônios, oscilação de humor, entre outros; tudo isso em conjunto com as possíveis intercorrências da maternidade agravam o quadro natural do Baby Blues e da não desejada instauração de uma Depressão pós-parto, se por acaso o quadro vier a evoluir.

O que poucos falam, mas é extremamente importante: a maternidade é muito mais intensa ou até solitária para a mulher. Entretanto, é um período de aprendizagem, onde ela vai conhecendo a maternidade e o bebê, e aos poucos a sensação de “ter controle” deve retornar.

A diferença entre Baby Blues e Depressão pós-parto 

Baby Blues: condição natural de oscilação de humor, que pode ser considerado uma tristeza, um sentimento de luto pela vida antes do bebê, que acompanha muitas sessões de choro, uma sensação de vazio e de que aquela fase difícil e de muita adaptação nunca vai passar. Pode perdurar até a terceira semana após o parto.

A depressão pós-parto, por sua vez, não passa após os primeiros dias da criança, como se espera do Baby Blues. Ela vai se agravando silenciosamente e, se ninguém ao redor da mãe, ou ela mesma, não perceber a mudança no comportamento ou a persistência dessa tristeza, pode se tornar algo ainda mais doloroso e cheio de consequências para a saúde mental dessa mulher, e, por óbvio, do recém-nascido também.

Crises de raiva, rejeição com o bebê, irritabilidade, tristeza, dores físicas, falta de ar, falta de apetite, choros sem fim, apatia. Em muitos casos, infelizmente, isso é confundido com uma personalidade difícil da mãe, que é julgada e taxada de muitas coisas negativas.

O fato é que a maternidade tem muito mais consequências para a mulher e é essencial que familiares, amigos e a própria mãe estejam cientes da possibilidade da depressão pós-parto, das características da doença e que, sim, há tratamento. É de suma importância que essa mulher busque ajuda ou que as pessoas ao seu redor façam isso por ela. Um tratamento pode ser feito junto à obstetra, junto a um psiquiatra, mas principalmente junto à um psicoterapeuta, que ajudará a mulher a desenvolver um plano de reabilitação para aquela condição.

Uma equipe multidisciplinar irá tratar a recém mãe de forma completa, para que aos poucos ela consiga se reestabelecer, reaprender sobre si mesma e sobre sua nova vida, recomeçar e se reencontrar em meio a tantas mudanças.

É importante ressaltar: depressão pós-parto é como uma depressão maior, com a prerrogativa da maternidade. Está descrita no DSM-5 e CID-11, que são os manuais diagnósticos mais atualizados, que são utilizados pelos profissionais da saúde para diagnosticar diferentes doenças. Dado isso e, levando em conta a relevância e eficácia comprovada do tratamento pela Terapia Cognitivo-Comportamental para Depressão, afirmo que a TCC pode contribuir imensamente neste tratamento, pois tratará o cerne da questão, trabalhando a reestruturação cognitiva, a reformulação prática de uma nova rotina, o reconhecimento e reflexão a respeito de suas emoções, pensamentos e ações, dentre muitas outras estratégias importantes que realmente trazem resultados benéficos para a paciente.

Se você está passando por isso, não hesite em pedir ajuda!

A depressão pós-parto tem solução e o tratamento trará paulatinamente a sensação de bem-estar ao dia a dia.

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

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