Algo muito óbvio, mas que esquecemos de ressaltar hoje em dia é que não existe um único estilo de vida saudável. Um estilo de vida saudável, na verdade, seria um estilo de se viver que promovesse na pessoa uma certa qualidade de vida, suficiente para uma funcionalidade equilibrada e que proporcione mais benefícios do que malefícios, de forma duradoura, em prol da longevidade dela mesma. O equilíbrio está na flexibilidade e o duradouro está no manejo das emoções, dos hábitos e comportamentos, além da criação de um ambiente favorável. Inclusive, sabia que existe termo certo para o contrário desse ambiente favorável? Seria o ambiente obesogênico ou facilitador do estilo de vida não saudável.
Imagine um ambiente desorganizado, tumultuado, onde alguém que gostaria de instaurar bons hábitos alimentares sempre precisa lidar com o parceiro que pede no delivery um hambúrguer e sempre traz doces para casa. Reconhece a influência ruim que o ambiente pode trazer?
Ambientes obesogênicos ou facilitadores dos maus hábitos, que têm total ligação com o comportamento de permissividade, ocorrem pela rotina maçante que vivemos, se instauram de forma silenciosa e os sinais parecem inofensivos, ou nem se apresentam. Quando na verdade, inicialmente, frente aos maus hábitos, há a sobrecarga do corpo e mente, que vão sendo provocadas na própria rotina; isso gera estresse. Em seguida, o mal funcionamento das estruturas importantes devido ao estresse crônico e sobrecarga que vem se somando. Por fim, os problemas secundários que isso causa, como doenças, a obesidade em si ou um possível transtorno de humor, por exemplo.
Sendo assim, viver em desequilíbrio e ter hábitos ruins por si só, mesmo sem consequências aparentes, premeditam um futuro ruim; porque, se não damos um bom combustível, a máquina não funciona.
Um outro ponto de vista
O impacto social que os maus hábitos geram. Ou seja, a vergonha, oriunda da autoestima baixa, que começa a diminuir a partir dos maus hábitos. Consequentemente, a introspecção torna-se mais evidente a cada dia, pois a pessoa acaba virando refém desses hábitos e se fecha cada vez mais ao mundo que a rodeia. O pensamento “tudo ou nada” ocorre.
O indivíduo não consegue largar o hábito e vai tornando o “buraco” (ou seja, a complexidade emocional) cada vez mais profundo, ampliando a elasticidade nos limiares da pessoa (reduzindo desde autocontrole até a facilidade de responder aos bons estímulos).
As causas deste problema podem ser muitas. Temos os hábitos ruins adquiridos ao longo do tempo, o ambiente favorável a estes hábitos prejudiciais, o desequilíbrio no comportamento, doenças e condições de saúde facilitadoras. Um alerta é o índice de obesidade, nos dias atuais, que é altíssimo e cresce a cada dia. A falta de parâmetro do que “é saudável ou não” também é algo extremamente relevante nestes casos. Quando olhamos para todo o quadro, a motivação e as expectativas geralmente estão desequilibradas. Além disso, há questões econômicas e sociais que refletem muito no comportamento das pessoas com relação à saúde.
Se posso aqui dar uma luz àqueles que buscam uma solução é, literalmente, começar pelo básico. Se motivar a ter uma vida melhor, colocando para si mesmo parâmetros mais realistas, tanto com relação às metas que você deseja, quanto pensando na motivação (onde você não deseja mais estar?).
Mesmo que você consiga iniciar o caminho sozinho, será importante buscar profissionais que apoiem esse processo quando necessário, principalmente se esse é um desafio de longa data em sua vida. Ao aplicar boas estratégias de manejo de crises, que são aqueles momentos em que a pessoa sai da trajetória que já estava e busca um novo caminho, com novas maneiras de fazer isso, o indivíduo irá ter mais chances de criar um processo mais duradouro, com continuidade e longevidade.
Importante
Terão pessoas que, mesmo tentando fortemente sozinhas, não conseguirão por diversos motivos (transtornos, ambiente desfavorável e incapacidade de manejo, por exemplo). Dado isso, necessitam da terapia e talvez até a psiquiatria como formas de apoio nesse processo. Os indicadores de que isso pode estar acontecendo são: comportamento alimentar desregulado de forma persistente, incapacidade de autocontrole, exagero (alimentação, álcool, outras substâncias), falta de energia, foco, atenção, outras doenças que podem começar a aparecer em como consequência desse estilo de vida desregulado, etc. A TCC é uma metodologia incrível para questões relacionadas a hábitos, metas, organização.
Não deixe de buscar ajuda! Um estilo de vida mais saudável é para a vida toda. Irá favorecer seu bem-estar, uma saúde mental de qualidade, longevidade e muito mais! Tudo o que é feito em benefício da sua saúde vale o esforço!
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental
Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental