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O perigo do autodiagnóstico

Saúde mental, as doenças na área da psicologia, os diferentes tipos de personalidade e como tratar ou lidar com as questões cotidianas que podem trazer sofrimento para os outros ainda são questões que intrigam muito as pessoas.

Em função do acúmulo de informações, há uma banalização e vulgarização de vários termos que, na verdade, deveriam empregar uma conotação técnica, dentro de um contexto situacional específico.

Com base nisso, o que ocorre na atualidade é que as pessoas ainda insistem em extrair as informações rasas que estão disponíveis nas redes sociais, por exemplo, e cada vez mais, consideram ter propriedade no que veem na internet; infelizmente, pouco procuram especialistas, que poderiam ser a chave para o sucesso de um tratamento assertivo e rápido.

O grande equívoco das pessoas está nos “achismos” e “diagnósticos” feitos a partir do que o outro falou, do que se leu “por aí”. Sem base estruturada em teorias e em conhecimento da psicologia, é um caminho perigoso, pois pode se evocar sofrimento maior, uma consequente falta de tratamento e/ou tomada de decisão enganada.

O papel do psicólogo

O psicólogo vai avaliar a pessoa através de um olhar biopsicossocial e situacional. Em outras palavras, ele vai avaliar se o sintoma está realmente transcendendo à normalidade, se tem prejuízos reais, para aquele sujeito especificamente, no contexto dele, na situação específica, na cultura, em um contexto geral etc. A partir disso, irá planejar o melhor tratamento, intervir na área que é necessária, disfuncional para aquele indivíduo, naquele contexto. Sem também cometer exageros de intervenção, com responsabilidade sobre as experiências e processo de evolução do indivíduo.

Nos manuais diagnósticos, para se classificar um diagnóstico, são expostos os sintomas que integram transtornos ou síndromes. Entretanto, há muitos detalhes/características que vão além dos sintomas em si, por exemplo: tempo de duração dos sintomas, idade do paciente, características específicas (exemplo: biológicas) daquele paciente, contexto socioeconômico etc. Além disso, há uma subdivisão entre os diagnósticos (ex. bip. Tipo I, Tipo II etc.) (ex. depressão maior, persistente etc.). Justamente por estes motivos muito relevantes, apenas identificar um possível transtorno ou síndrome somente com informações passadas nas redes sociais se torna extremamente perigoso.

O processo de adoecimento das pessoas

As pessoas adoecem mais/pioram com a desinformação ou com a informação incompleta/errada e reagem ao achismo. A interpretação ali é nua e crua daquela informação que está disponível, e não sofre nenhum tipo de questionamento e filtro. Infelizmente, acabam prolongando o problema, pois isso pode gerar mais sofrimento por falta de tratamento ou por tratamentos não adequados para aquela doença. Também, cria-se a resistência do paciente a olhar para o problema verdadeiro, como se ele fosse “mais um problema”.

As pessoas normalmente têm como fontes de informações para extrair as próprias percepções: opinião dos amigos e familiares; aceitação de pessoas que admiram (quando se pautam nas opiniões que extraem de pessoas de redes sociais, por exemplo); o famigerado “Dr. Google”; Horóscopos; e outros tipos de crenças.

O fato de a informação estar disponível o tempo todo sem os devidos enquadres faz com que facilite ainda mais a banalização e vulgarização, e as pessoas cometem ainda mais o equívoco de nominarem sintomas com expressões como: Você está “meio bipolar hoje”; Que “demente”; Sai dessa “paranoia”; Olha que “autista”; Segura essa “ansiedade”.

Mas como solucionar este problema?

Para que estas situações não ocorram, as pessoas devem se informar mais sobre os assuntos disponíveis. Outro artifício muito eficiente é fazer um filtro objetivo de informações, com o qual se busca entender: em qual contexto essa informação está disponível? É em uma rede social? É um conteúdo pensado em quem? Para quem se está falando? De quem está falando? Evitar generalizar as informações e procurar discernir (não extrair percepções como verdades universais), além de tratar como hipótese o que não é de sua responsabilidade e de ter um profissional (psicólogo) de confiança para instrução de como lidar com seus problemas e prejuízos.

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

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