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Significar um sofrimento é importante, mas não deve ser o mais essencial no processo de tratamento

Em tempos de Google, Chat GPT e muito acesso online a informações (nem sempre corretas ou precisas), é muito comum que as pessoas busquem seus sintomas e tentem encontrar respostas para tudo em suas vidas. Nada nos passa em branco. Nem dores, nem sentimentos.

Insatisfeitos com apenas o acaso, queremos cavar fundo em cada coisa que nos acontece.

Mas, será que atribuir significado ao que ocorre, vai mesmo gerar conforto? Qual tipo de conforto? O fato é que algo ruim que te acontece, não necessariamente tem uma causa conhecida; ainda, vai muito além das respostas que buscamos na internet, caso contrário o diagnóstico profissional não seria necessário.

O que de fato ocorre é, que na grande maioria dos transtornos mentais, temos um tratamento, sem a grande relevância de encontrar um porquê para aquela condição que se instaura. Inclusive por isso chama-se transtorno ou síndrome, e não doença.

Para se ter uma ideia, muitos pacientes buscam a terapia para dar significado para o sofrimento deles, enquanto na verdade, para eles isso não deveria importar tanto, ou ser o fator motivador, pois só faz bem para o conforto cognitivo. No entanto, em uma situação desta, por exemplo, eles cometem o equívoco de falar em causa e não em correlação. É nessa hora que mães e pais viram “culpados” (como existe em senso comum) pelo desencadeamento de transtornos em seus filhos, segundo os próprios pacientes (os filhos).

A questão é que, normalmente, não dá para estabelecer essa causalidade, compreende? Isso é perigoso, irresponsável e ultrapassado, pois a psicopatologia entende que um transtorno mental possui causa multifatorial, que depende da interação entre genética do indivíduo e ambiente. Consegue imaginar um filho sendo rebelde com seus pais, culpando-os, por exemplo?

Ou seja, não existe exame ou indicador para diagnóstico de transtorno mental, que vai trazer um resultado se a pessoa tem ou não tem aquele transtorno suspeito.

O diagnóstico é feito através do rastreio de sinais e sintomas, através de entrevista clínica, basicamente. Mas para além do diagnóstico, a causa é sempre multifatorial, para todos os transtornos!

Então, esta é a mensagem para meus pacientes e futuros pacientes também. Esta é a minha tentativa de confortá-los, sobre como a reabilitação é a alma do “negócio” e como está cada vez mais sistematizada, estudada, estruturada, a reabilitação de transtornos, do ponto de vista da intervenção psicológica e multiprofissional.

Talvez buscar uma resposta, a origem ou um porquê para um transtorno possa ser importante para o tratamento, mas não deve ser, na maioria dos casos, a questão mais importante do processo.

Culpar alguém ou alguma situação não irá mudar o que já ocorreu. A importância vai estar no que você vai fazer com tudo isso a partir de agora.

E o foco deve ser na sua recuperação. A auto responsabilidade será essencial nesta jornada.

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

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