A busca pelo corpo perfeito; comentários equivocados e/ou maldosos que são feitos em ambientes familiares sobre peso, alimentação e estilo de vida; o bullying no ambiente escolar; a comparação com a vida de celebridades ou até mesmo a comparação com outras pessoas através das redes sociais. Tudo isso colabora potencialmente para que casos de Transtorno Alimentar surjam na vida das pessoas.

O conceito de Transtorno Alimentar

Transtornos alimentares (TA) no geral são considerados transtornos de subcategoria mental, e se definem por padrões de comportamentos alimentares desviantes e persistentes, que afetam negativamente a saúde física ou mental do indivíduo, tal como prejudica significativamente o convívio social.

Considerados patologias, os TA estão descritos detalhadamente pelo CID 10, DSM IV e pela OMS. Existem diversos fatores associados a esses transtornos, por isso são chamados de multifatoriais.

É muito importante ressaltar: a vida de um paciente portador de Transtorno Alimentar é bastante complicada, repleta de fatores inconvenientes e estressores, que dão a impressão de não cessarem. Dentre todos os tipos de TA, os principais são: a obesidade, a anorexia e a bulimia.

Esse sujeito diagnosticado com um TA sofre, principalmente, porque as pessoas que não possuem o conhecimento adequado confundem o físico com competência e valor, como se incapacidade e inadequação fossem uma condição do diagnóstico. Infelizmente, é uma interpretação errônea, perigosa e munida de preconceitos. Devemos ficar atentos à nossa responsabilidade social.

Sobre a questão principal que envolve os transtornos: existe a emoção ansiedade e as crenças disfuncionais, que muitas vezes estão distorcidas, equivocadas ou, definitivamente, não são úteis para o sujeito portador de TA.

A ansiedade é presente em grande parte dos casos de transtornos alimentares. A utilização da comida em excesso, do vômito, medicações e a restrição são estratégias extremamente prejudiciais e ineficazes, que pioram o quadro, do ponto de vista físico, mas, principalmente, mental. A ansiedade volta e, com elas, as estratégias prejudiciais.

A TCC e sua importância no tratamento

Na visão da TCC, o pensamento “tudo ou nada”, comum entre pessoas com TA, que consiste em pensar em termos absolutos e extremos, é um fator de grande potencialização dos transtornos aqui mencionados.

Sabe quando as pessoas possuem regras para suas dietas que são inicialmente inflexíveis e depois se permitem a “pequenos” lapsos ou o tal do “dia do lixo”? Exatamente! No dia a dia, pensar e lidar com alimentação nesses termos favorece o abandono total do controle sobre a alimentação e assim estamos sujeitos à instauração do transtorno.

Levando isso em conta, a TCC trabalha para identificar e corrigir as condições e equívocos, que propiciam o desenvolvimento e manutenção das alterações cognitivas (de pensamento) e comportamentais. Tais técnicas, cognitivas e comportamentais, têm demonstrado que são eficazes e promovem uma melhora do quadro clínico do paciente.

O principal objetivo da TCC para casos de Transtornos Alimentares é evitar os episódios que caracterizam o transtorno, bem como, adotar estratégias mais funcionais e saudáveis para o indivíduo lidar com a alimentação. Para isso, a reestruturação dos pensamentos que levam às estratégias disfuncionais precisa acontecer.

Ao ocorrer essa modificação das crenças centrais e dos pensamentos associados à alimentação disfuncional, aparência e valor pessoal da pessoa com TA, observa-se uma grande evolução no tratamento e nas estratégias da pessoa para com o ato de se alimentar, bem como ocorre a decadência dos traços rígidos do transtorno alimentar.

Independentemente do tipo de TA, o fato é que as pessoas devem buscar ajuda, preferencialmente multiprofissional; e a TCC é uma excelente técnica, além de muito prática e mais segura do que outros tratamentos convencionais.

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental

Gabriela Di Modica Braga
CRP 06/139645
Psicoterapeuta e Supervisora
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental